Apesar do movimento global de restrição de políticas afirmativas que combatem a desigualdade de gênero, os brasileiros mantêm-se conectados à pauta e possuem uma percepção positiva com relação à representatividade feminina no âmbito público e privado. É o que apontou a nova pesquisa de opinião pública realizada pela Ipsos para o Dia Internacional das Mulheres, envolvendo 30 países, incluindo o Brasil.
Mais de um terço, 37% dos entrevistados, entre homens e mulheres, se autodefinem como feministas, definição ligada à luta pela igualdade de gênero e pelos direitos das mulheres em todas as esferas da vida. Além disso, 66% dos brasileiros concordam que as coisas funcionariam melhor se mais mulheres ocupassem cargos de responsabilidade no governo e nas empresas. Esta opinião é compartilhada por 57% dos homens e 74% das mulheres, evidenciando um reconhecimento crescente da importância da liderança feminina para o progresso social e econômico.
Além disso, 54% dos brasileiros acreditam que as mulheres não alcançarão a igualdade com os homens sem que haja mais líderes femininas nas empresas e no governo. Este número é maior entre as mulheres (63%) do que entre os homens (44%), refletindo uma demanda mais acentuada entre as mulheres sobre a necessidade de representação.
No entanto, a pesquisa aponta que mais da metade, 52% dos brasileiros consultados, acreditam que, quando se trata de dar às mulheres direitos iguais aos dos homens, as coisas já foram longe o suficiente. Além disso, 37% acham que a sociedade a promoção da igualdade das mulheres ultrapassou limites e passou a discriminar os homens.
Educação e Participação Financeira
No campo educacional, o Brasil ocupa o quarto lugar no ranking de igualdade de gênero, com 67% dos entrevistados acreditando que ir para a universidade se aplica igualmente a homens e mulheres. No entanto, apenas 7% das mulheres no Brasil são vistas como mais capazes que os homens para a vida financeira; mas 70% consideram ambos igualmente preparados para cuidar das finanças.
País dividido com relação ao trabalho doméstico
Quando se trata da divisão de tarefas domésticas, a pesquisa aponta que 49% dos brasileiros ainda acreditam que são responsabilidades das mulheres, enquanto 39% acreditam que devem ser compartilhadas igualmente entre os gêneros. Apenas 5% consideram que estas tarefas são responsabilidade dos homens, indicando uma divisão de gênero ainda enraizada nas atividades do lar.
“Os dados revelam também uma sociedade brasileira dividida entre avanços no reconhecimento da importância da igualdade de gênero e desafios persistentes nas percepções culturais e sociais. À medida que o país continua a debater e a trabalhar em direção à equidade, é essencial que políticas públicas e setor privado sigam promovendo mudanças significativas e sustentáveis. A igualdade de gênero não é apenas uma questão de justiça social, mas também um motor essencial para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.”, declara Priscilla Branco, gerente sênior de Reputação Corporativa e Opinião Pública da Ipsos no Brasil.