Três gerações debaixo do mesmo teto: conflito ou oportunidade?

 

Antoninho Caron é presidente do Centro de Integração Empresa-Escola do Paraná
Créditos: Gus Benke/CIEE/PR

*Por Antoninho Caron

Pela primeira vez na história, testemunhamos uma diversidade etária tão marcante no ambiente corporativo. Um encontro entre jovens e veteranos que compartilham não apenas os mesmos cargos, mas também posições de alta liderança. Há quem se incomode com os possíveis conflitos entre as gerações X, Y e Z durante as tomadas de decisões, mas quem se fecha apenas nos problemas acaba por negar uma realidade: equipes que integram todo alfabeto geracional podem enriquecer as dinâmicas empresariais, promover a inovação e impulsionar a produtividade.

A geração que iniciou a carreira nos anos 2000, antes a favorita das empresas, agora enfrenta o desafio de se adaptar a um mercado de trabalho cada vez mais dinâmico e competitivo. Esse cenário é ainda mais preocupante quando consideramos que o desempenho educacional do país está abaixo do ideal, gerando incertezas sobre a preparação dos profissionais para os empregos do futuro. Enquanto a distância entre as diferentes faixas etárias no ambiente corporativo só aumenta, se faz urgente a construção de pontes e a mudança de mentalidade daqueles que contratam esses jovens. E o primeiro passo está na implementação de programas de aprendizagem e estágio. 

Para as empresas do futuro, equipes multigeracionais são verdadeiros tesouros de diversidade e experiência. Quem valoriza essa riqueza já compreendeu que um time que se complementa contribui significativamente para o aprimoramento dos negócios. Isso pode melhorar a reputação da empresa, tanto entre os clientes quanto entre os colaboradores. Uma organização que se apresenta como inclusiva e diversa atrai talentos de todas as idades, o que é crucial em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo devido às inúmeras oportunidades de capacitação e desenvolvimento de carreira. Além disso, novos colaboradores se sentem cada vez mais motivados a crescer dentro da empresa ao terem exemplos diários de carreiras de sucesso, compartilhando experiências e conhecimentos.

É nesse meio de campo que surge a dúvida sobre qual é mais importante: inovação ou experiência? Na hora de solucionar um problema, é melhor ter um profissional jovem e criativo ou um profissional experiente com domínio do mercado? Para ambas, as respostas estão no agrupamento desses dois perfis e na troca de ideias entre esses públicos. Por mais que cada um se sinta capaz de trilhar seu próprio caminho, muitas vezes é na troca e na união de esforços que se pode chegar muito mais longe. Uma equipe diversa gera resiliência, com a organização se adaptando mais rapidamente às mudanças do mercado, às novas demandas e promovendo a melhoria contínua dos processos.

Diversas pesquisas já comprovaram que a mescla de experiências é necessária para o avanço contínuo de uma empresa e, até mesmo, interfere diretamente na lucratividade. Segundo um estudo global realizado pelo Instituto de Longevidade Mongeral Aegon, empresas com equipes diversificadas têm 21% mais probabilidade de serem lucrativas. E, quando olhamos para o Brasil, 42% dos profissionais já trabalharam em ambientes imparciais que valorizam todas as idades, fomentando inovação e eficiência. Isso ocorre em empresas que reconhecem a diversidade como o combustível que impulsiona o crescimento.

Debaixo do mesmo teto, as diversas gerações precisam trabalhar em conjunto. As empresas dependem desse trabalho em equipe para enxergar além do horizonte e vislumbrar o futuro. Para que isso se torne realidade, um estudo da Harvard Business Publishing aponta que é necessário abandonar os estereótipos geracionais, tratar cada colaborador pelas suas individualidades e incentivar um ambiente colaborativo. No final das contas, a receita do sucesso é simples e segue a mesma lógica do processo natural da sociedade: olhar para as características individuais e combiná-las por meio de propósitos, sentimentos e, sobretudo, desenvolvimento.

Baby Boomers, X, Y, Z ou Alpha. Seja qual for a geração em questão, o verdadeiro progresso apenas surgirá quando aceitarmos que o passado precisa se fundir com o presente. Somente assim poderemos construir um futuro sólido e próspero. Será impulsionando e estimulando o indivíduo a desenvolver seu pleno potencial por meio da educação e do trabalho que contribuiremos para o progresso da sociedade e, assim, transformaremos vidas.

*Antoninho Caron é presidente do Centro de Integração Empresa-Escola do Paraná (CIEE/PR)

 

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem
BRB