Fumantes possuem duas vezes mais chances de
desenvolver catarata e glaucoma, ampliando fatores de risco de condições que
levam à cegueira
Os perigos à saúde associados ao uso
contínuo de cigarro são amplamente debatidos pelas principais autoridades no
tema durante o ano todo. No dia 29 de agosto, Dia Nacional do Combate ao Fumo,
os esforços para dar visibilidade para essa preocupação ganham ímpeto para
trazer informações relevantes a quem convive combatendo o vício. Apesar das
campanhas de conscientização, parte da população não sabe a extensão dos
riscos do tabagismo no desenvolvimento de doenças oftalmológicas, podendo levar
a perda de visão em alguns casos. É o que alerta a oftalmologista do Grupo São
Pietro Hospitais e Clínicas, Mariana Thorell.
"Além das
doenças cardiovasculares e respiratórias, o tabagismo é um fator de risco
significativo para condições como glaucoma, catarata, degeneração macular relacionada à
idade (DMRI), retinopatia diabética, entre
outras doenças oculares. Mesmo que não seja a
principal causa, fumar aumenta a probabilidade do desenvolvimento de condições que, se não diagnosticadas
e tratadas corretamente de forma precoce, podem causar cegueira, complicações
na visão periférica, assim como
alergias e irritações oculares", contextualiza Mariana.
Na
oftalmologia, o cigarro traz duas vezes mais chances para o desenvolvimento
tanto de catarata, quanto de
glaucoma. Para catarata, principal causa de cegueira reversível no mundo, a
combustão do tabaco e o aumento da temperatura próxima ao cristalino causam
danos no metabolismo, sendo ainda maiores para quem usa cachimbo devido ao
calor da madeira, que potencializa o dano na superfície ocular e estruturas internas do
olho. Em casos de glaucoma, estudos relacionam o acréscimo da pressão interna
do olho com o cigarro, o que pode danificar o nervo óptico, contribuindo para o
surgimento ou piora do problema.
A Degeneração Macular Relacionada à
Idade (DMRI) também pode ser acelerada em decorrência do tabagismo,
trazendo até 4 vezes mais chances de se desenvolver essa
condição. Apesar do histórico familiar e a idade serem os
principais fatores de
risco, fumar aumenta o estresse oxidativo por conta das substâncias químicas
presentes no cigarro, danificando as células da retina. O cigarro provoca
inflamação crônica, o que pode
acelerar o dano nas estruturas oculares, particularmente na mácula, além de causar a redução
do fluxo sanguíneo para a retina e o acúmulo de depósitos
lipídicos na retina, conhecidos como drusas, que são um dos primeiros sinais de
DMRI. Para quem possui a doença de Graves, ou hipertireoidismo autoimune, o
risco de desenvolvimento de caso grave da condição cresce 20 vezes.
"É importante entender que, além das
doenças causadas pelo tabagismo, fumar causa prejuízos para visão na inalação e o
contato da fumaça com os olhos, sendo nocivo também aos fumantes passivos.
Problemas de cicatrização, olhos secos, alergias oculares, redução da
capacidade de enxergar no escuro e de discernir as cores também estão
associadas às doenças relacionadas ao consumo do
cigarro", finaliza.
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