Janeiro Branco: atenção à saúde mental começa nas UBSs



UBSs fazem a identificação dos casos e atuam no tratamento de forma individual e coletiva; adoecimentos moderados e graves são encaminhados para policlínicas e Centros de Atenção Psicossocial (Caps)


Adriana Izel, da Agência Brasília | Edição: Saulo Moreno

Todo primeiro mês do ano, a questão da saúde mental entra em destaque durante o Janeiro Branco. A campanha alerta para os cuidados, a prevenção e o tratamento ao adoecimento psíquico. Na rede pública do Distrito Federal, a assistência à saúde mental começa nas unidades básicas de saúde (UBSs) – onde são acompanhados os casos leves – e pode seguir para as policlínicas e unidades do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) – que atendem quadros moderados e graves.

"O atendimento à saúde mental ocorre em toda a rede do DF. Temos estimulado que os profissionais das UBSs busquem compreender o estado mental do paciente no atendimento, analisando a prática de atividade física, a questão do sono e os aspectos psicossociais, porque a unidade é a porta de identificação das questões psíquicas", explica a diretora de Serviços de Saúde Mental da Secretaria de Saúde (SES-DF), a psicóloga Fernanda Falcomer.

Nas unidades básicas, o médico da família, o enfermeiro e a equipe multidisciplinar realizam ações com enfoque na promoção da saúde mental, com acompanhamento do caso de adoecimento, receita de medicamentos – quando necessário – e estímulo a hábitos saudáveis, com o encaminhamento para grupos de apoio e de práticas integrativas.

A assistência à saúde mental na rede pública do Distrito Federal começa nas unidades básicas de saúde (UBSs) e pode seguir para as policlínicas e centros de atenção psicossocial (Caps) | Foto: Geovana Albuquerque/Agência Brasília
A assistência à saúde mental na rede pública do Distrito Federal começa nas unidades básicas de saúde (UBSs) e pode seguir para as policlínicas e centros de atenção psicossocial (Caps) | Foto: Geovana Albuquerque/Agência Brasília

Os espaços coletivos na Atenção Primária têm o objetivo de cuidar do paciente de forma integrada. "É um processo em que o paciente tem condição de se identificar com outra pessoa pela semelhança, entender que a questão do sofrimento faz parte da vida. Essa é uma estratégia que notamos que potencializa o tratamento, além de ser fácil de ser realizada e poder ser feita por profissionais multidisciplinares", analisa a diretora.

Na UBS 4 do Recanto das Emas, foram criados espaços coletivos após o período da pandemia de covid-19 com o objetivo de tratar as questões de saúde mental. "Fizemos grupos de ansiedade, de luto e com enfoque em violências de gênero. Temos um grupo de caminhada e outro de psicoterapia. Todos são voltados para a promoção da saúde mental, que é um aspecto muito importante para a nossa saúde como um todo", define a psicóloga Michelle Falcão, especialista em saúde da SES-DF.

Quebra de estigma

A procura em relação aos cuidados com a saúde mental aumentou na rede pública, principalmente, após a pandemia de covid-19. "A questão do isolamento trouxe o agravamento dos quadros e, por outro lado, permitiu que as pessoas se observassem mais e falassem mais sobre o processo de sofrimento mental, que ainda é um tabu e tem muito estereótipo", analisa Fernanda Falcomer.

De acordo com a diretora de Serviços de Saúde Mental, o transtorno de ansiedade é o adoecimento mais recorrente entre os pacientes que buscam as unidades básicas. Entre as crianças, são percebidos problemas de desenvolvimento e questões ligadas às relações sociais.

O principal sinal de adoecimento mental é o prejuízo da funcionalidade do paciente, bem como apresentar algum sofrimento e queda nas atividades diárias, aponta Michelle Falcão. "A qualquer mínimo sinal, deve ser procurada a ajuda", afirma a psicóloga da UBS 4.

Os casos considerados moderados a graves são encaminhados para os atendimentos especializados nas policlínicas e em uma das 18 unidades do Caps.

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