Quase 100% das geladeiras já atendem novos padrões de eficiência, diz Rede Kigali


Organização afirma que refrigeradores vão gastar menos energia e não vão ficar mais caros


Por Nayara Machado - EPBR

BRASÍLIA - Os novos níveis máximos de consumo de energia para refrigeradores que começam a entrar em vigor em 2024 poderão ser atendidos por quase 100% dos aparelhos de uma ou duas portas disponíveis no mercado já testados pelo Inmetro, de acordo com levantamento da Rede Kigali.

Composta por organizações da sociedade civil, a rede contribuiu com a consulta pública que atualizou as regras de eficiência energética das geladeiras.

Publicada no início de dezembro, a Resolução nº2/2023 do Comitê Gestor de Indicadores e Níveis de Eficiência Energética (CGIEE) determina que a partir de 2024 os fabricantes brasileiros deverão parar de produzir refrigeradores e congeladores que estejam abaixo dos novos padrões.

A mudança nos níveis máximos de consumo de energia será em duas fases para dar tempo à indústria para adaptar-se.

Na segunda fase dos novos níveis máximos de consumo de energia, no início de 2026, 38% dos produtos no mercado poderão ser mantidos como estão, estima a Kigali.

Mesmo com o prazo, a indústria tem se queixado da mudança.

Esta semana, a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), que tem como associadas Electrolux, LG, Panassonic e Whirlpool divulgou uma nota afirmando que a medida pode levar a um "possível aumento abrupto nos preços dos refrigeradores", especialmente aqueles adquiridos pela população de mais baixa renda -- ou seja, quem compra os equipamentos menos eficientes e depois sente o peso na conta de energia.

"Não é verdade que o aumento da eficiência energética das geladeiras no Brasil, definido pelo Ministério de Minas e Energia (MME), causará prejuízo ao consumidor ou fará os preços dispararem", rebate a Rede Kigali.

Também esta semana, o deputado federal Gilson Marques (Novo/SC) protocolou o Projeto de Decreto Legislativo 556/2023 para sustar a implementação imediata da resolução, sob a justificativa de que padrões mais rígidos impactam o acesso a eletrodomésticos.

Novos padrões visam economia de energia

Segundo estimativas da Clasp – organização que dá assistência técnica a governos relacionada a eficiência técnica e ambiental dos eletrodomésticos –, se houver aumento de preço devido à melhoria da eficiência a partir de 2026, será entre R$ 86,00 e R$ 200,00, dependendo do modelo e tamanho do refrigerador.

Esse valor seria compensado pela economia de energia do consumidor, estimada em R$ 822,00 em 15 anos de uso, já descontado o valor a mais pago pela geladeira.

A organização calcula que os novos parâmetros vão proporcionar uma economia de energia de 8,67 Terawatt-hora (TWh) para o país entre 2026 e 2030, o que equivaleria a 67% do consumo mensal das residências em 2023 e a uma economia no bolso dos consumidores de R$ 5,9 bilhões.

Já a Rede Kigali aponta que os brasileiros hoje compram geladeiras que são inferiores em termos de eficiência quando comparadas aos modelos disponíveis na maior parte dos países, não apenas os ricos.

"A maioria dos refrigeradores fabricados no Brasil não pode ser exportada para muitos países africanos – como Quênia, Ruanda, Moçambique e Namíbia – por não atender aos níveis máximos de consumo de energia permitidos", diz em nota.

A rede também observa que as mesmas empresas que atuam no Brasil vendem produtos com padrões mais exigentes em outros mercados, como Europa e EUA.

“O Brasil é perfeitamente capaz de melhorar a eficiência energética para beneficiar os consumidores e a sociedade. A indústria pode tornar mais eficientes os refrigeradores de todos os modelos, inclusive os populares, sem aumento absurdo de custos", comenta Rodolfo Gomes, coordenador da Rede Kigali e diretor executivo do IEI Brasil.

"Alguns refrigeradores voltados para as classes de menor renda que estão sendo vendidos há muitos anos já cumprem com os níveis de 2026. Não há justificativa técnica para o aumento irreal de preços alegado pela indústria”, analisa.

Para Gomes, é preciso ter maior competição no mercado interno e políticas que melhoram a qualidade dos produtos induzem a oferta de equipamentos mais eficientes e preços cada vez mais acessíveis.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem
BRB