Projeto Pingo de Gente, relata o aumento do número de pessoas que procuram ação social para receber alimentos e donativo desde o início da pandemia
O número de pessoas vivendo em situação de extrema pobreza aumentou 48,2% na comparação com o ano anterior. Isso significa que 5,8 milhões de pessoas passaram a viver com uma renda mensal per capita de até R$ 168 por mês.
Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram ainda que o número de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza aumentou 22,7% no mesmo período, ou seja, mais 11,6 milhões de brasileiros passaram a viver com R$ 486 mensais per capita.
Com o aumento, o país passou a ter 62,5 milhões de pessoas, o que representa 29,4% da população, abaixo da linha da pobreza. E o mais alarmante é que 17,9 milhões de pessoas, ou seja 8,4% da população do país, vive na pobreza. Isso quer dizer que um a cada três brasileiros está em situação de vulnerabilidade.
Goiás tem pelo menos 603 mil famílias na linha de absoluta pobreza. E isso têm preocupado o Governo Estadual, que tem desenvolvido ações e buscado auxílio do Governo Federal para minimizar a situação de extrema pobreza.
O governador Ronaldo Caiado, disse, em algumas entrevistas, que o combate à fome e o desenvolvimento educacional e social de mães e crianças é uma prioridade deste seu segundo governo.
Só na última semana, o governador Ronaldo Caiado sancionou, um conjunto de leis do chamado Pacote Social, que cria quatro novos programas sociais no estado. Entre os programas está o Cofinanciamento Estadual de Assistência Social para os 246 municípios, que Caiado destacou como ação de governo idealizada e implementada por ele para garantir que a assistência social das prefeituras tenha condições de atender as demandas.
Os novos programas receberão investimento de R$ 75,6 milhões ao ano. São eles: Dignidade, que vai destinar um auxílio mensal de R$ 300,00 para idosos de baixa renda com idade de 60 a 65 anos; Família Acolhedora, que vai capacitar e assistir famílias para receber crianças e adolescentes vítimas de violência; Goiás Por Elas, que prevê o repasse de R$ 300,00 mensais a mulheres vítimas de violência doméstica.
Na outra ponta, a sociedade também tem se mostrado solidária com a situação e buscado soluções para o problema. O projeto Pingo de Gente, que fica em Aparecida de Goiânia, realiza ação social na cidade há quase 10 anos.
Inicialmente a ação, que busca matar a fome, diminuir a situação de vulnerabilidade de mães e crianças em situação de risco e reinserir mulheres em situação de vulnerabilidade no mercado, atendia apenas o bairro Miramar.
"Com a chegada da pandemia, em 2020, tivemos que expandir a nossa ação. Eram muitas pessoas que nos buscavam porque estavam passando fome e tinham crianças na mesma situação. Dessa maneira, passamos a atender vários bairros, com o cadastro de pessoas que, de fato, estão em situação de vulnerabilidade extrema", explicou a advogada Fernanda Sarelli, idealizadora da ação.
Fernanda explica que toda ação é financiada por ela, por sua família e por alguns amigos próximos. A advogada explica que o objetivo principal tem sido garantir a alimentação de mães e crianças.
"Nessas comunidades mais carentes nos deparamos com muita frequência como a realidade de mães com mais de uma criança, que são solteiras e estão desempregadas; ou que seus companheiros estão presos, normalmente por tráfico. É uma situação muito triste, principalmente pelas crianças, que muitas vezes nem se desenvolvem de acordo pela falta de comida. Acredito que é nossa obrigação colaborar com o próximo e por isso fazemos este trabalho", explicou.
Hoje, o projeto pingo de gente atende mais de 300 famílias, com a entrega de alimentação mensal. A ideia, a curto prazo, é começar, por meio de parcerias, a realizar cursos para que essas mães possam se reinserir no mercado de trabalho e garantir o seu sustento e uma realidade melhor para os seus filhos.
Fernanda Sarelli destaca ainda que é perceptível que o número de famílias em situação de fome e pobreza cresceu consideravelmente em Aparecida, nos últimos dois anos. "Como em todo Brasil, a pandemia prejudicou muito o mercado de trabalho e o sustento. O sofrimento direto e das crianças", finalizou.