Artigo por Keilly Monteiro, especialista em Employee Experience e Gerente Geral de Recursos Humanos da NEO
O longo período de pandemia desmistificou o trabalho em casa. Se antes o home office era visto como uma excentricidade, hoje muitos profissionais e empresas passaram a considerar esta modalidade, mesmo após a liberação do trabalho presencial ou híbrido. Segundo dados de um levantamento feito pela pela Bare International, cerca de 70% dos trabalhadores nacionais não desejam retornar ao trabalho presencial, pois o trabalho em casa possibilita ter mais tempo disponível para os estudos, para os amigos e para a família, já que os deslocamentos são eliminados e o tempo outrora desperdiçado em engarrafamentos passa a ser aproveitado em outras atividades. Contudo, há uma verdade que precisa ser dita, e que muita gente evita: esta modalidade não é para todos! O home office só vale para quem tem disciplina em relação à agenda e às entregas, já que pode impactar fortemente o desenvolvimento profissional e a saúde mental.
Se você ainda não trabalha no conforto de casa, certamente já se perguntou como conseguir um emprego home office. É fato que a procura por essas vagas aumentou com a flexibilização das medidas de proteção contra a Covid-19. A grande dúvida é: como se preparar para uma entrevista de emprego e se dar bem em busca dessas oportunidades?
O primeiro passo é entender o que o mercado oferece em termos de colocações. Os setores que mais empregam nesta modalidade são tecnologia, administração, finanças e comercial, com vagas em todos os níveis, de estagiário a diretor. Se você detectar uma oportunidade que tenha fit com o seu perfil, você precisará pesquisar muito bem sobre a empresa, para entender quais são as suas atividades e o setor onde ela atua.
Após esta etapa, se você decidir se inscrever, evite usar e-mail com apelido - prefira um com seu nome e sobrenome. Se for convocado para uma entrevista, esteja preparado para falar, de forma bem objetiva, sobre seu perfil profissional, suas experiências e resultados alcançados. Também considero importante você fazer uma autoanálise sobre as suas soft skills. Isso porque, com o avanço de novos modelos organizacionais e empresariais, os recrutadores têm requerido e valorizado habilidades que vão além do conhecimento técnico. O que nós recrutadores queremos, buscamos e priorizamos são as chamadas soft skills, ou seja, as características relacionadas ao comportamento e à forma de trabalho do candidato. Sendo assim, você precisa reconhecer e analisar as suas habilidades não-cognitivas, comportamentais ou emocionais, pois além de verificar se um potencial candidato tem o conhecimento necessário para uma função, o entrevistador também observa como ele se comporta ou lida com diferentes situações.
Se você for convocado para uma entrevista, vista-se adequadamente, da mesma forma que faria em uma entrevista presencial. Como imagens valem mais que mil palavras, é importante que o seu cenário esteja condizente com a imagem que você deseja apresentar - então, é preciso observar o fundo, a iluminação e a organização do local onde você fará a call com o recrutador (uma dica interessante é sentar-se de costas para a parede, fazendo com que a câmera mostre apenas você, o fundo da sua cadeira e a parede atrás). E não se esqueça da infraestrutura: informe-se antecipadamente sobre a ferramenta que será usada na videoconferência (estude alguns comandos básicos, como enviar mensagens e compartilhar a tela, por exemplo), deixe tudo instalado e faça o login pelo menos 10 minutos antes do horário marcado, para evitar um possível atraso por dificuldades de acesso. Tenha um plano B para que eventuais problemas de conexão não prejudicarem você. E faça a videochamada preferencialmente de um computador cabeado, para evitar instabilidades, e deixe um celular ou outros dispositivos com acesso à internet carregados, caso precisem ser utilizados na hora da entrevista.
Se tudo der certo e você for aprovado para a tão sonhada vaga home office, deixo aqui seis dicas para ter sucesso em seu novo emprego:
1. Invista em um ambiente adequado e sem distrações. Procure cômodos da sua casa que sejam aptos para você exercer a sua atividade. Pense em iluminação, ergonomia e disposição dos móveis, invista também em uma cadeira confortável, evitando que você tenha problemas de postura e de saúde. E assim que definir onde será o seu local de trabalho remoto, garanta que ele seja livre de distrações. Isso significa ter um espaço que você possa focar nas suas tarefas sem ser interrompido por familiares ou animais de estimação.
2. Tenha uma conexão de internet estável, com uma taxa razoável de velocidade para download e de upload de dados que sejam suficientes para desempenhar suas funções.
3. Planeje-se. Seu dia de trabalho em casa pode ser altamente produtivo e render muito mais se você fizer um planejamento cuidadoso de suas tarefas diárias de trabalho. Se você não tem esse hábito, comece elencando as tarefas mais importantes e complemente com as menos importantes. Faça uma listagem com os compromissos obrigatórios, que precisam ser cumpridos naquele dia, e inclua espaços para coisas secundárias, incluindo imprevistos. E lembre-se: tudo deve ser feito dentro do seu horário de trabalho e de forma saudável, tanto para o seu corpo quanto para a sua mente.
4. Crie uma rotina de horários e mantenha a organização. Estipule uma rotina de horários, e nada de sacrificar os intervalos de descanso e de continuar trabalhando depois do expediente.
5. Seja organizado. Talvez seja interessante investir em ferramentas online relacionadas à produtividade, que facilitam muito o gerenciamento do seu tempo e ajudam a organizar melhor a sua rotina de trabalho.
6. Faça intervalos periódicos. O ideal é que, a cada 1 ou 2 horas de dedicação, você faça uma pausa de 5 a 15 minutos, aproveitando para se alongar, esticar as pernas até a cozinha para pegar um café ou um lanche leve ou, ainda, checar as últimas mensagens do celular. E não confunda esses momentos de relaxamento com procrastinação - por isso, fuja de tentações e outras distrações do dia a dia, como as redes sociais, os seriados de TV, os games e o WhatsApp, que comprometem sua função.