Banese deve fazer aumento de capital, que seria subscrito pelo BRB
Nova sede do BRB - Foto: Márcio Santos.
O Banco de Brasília (BRB) fez uma oferta e pode ficar com uma fatia no Banco do Estado do Sergipe (Banese). Isso significa que dois bancos controlados por governos estaduais podem estar caminhando para uma forte parceria estratégica, embora uma eventual fusão teria uma trajetória bem mais complicada. Ambos são listados em bolsa, mas com liquidez muito baixa.
Em fato relevante enviado à CVM, o BRB afirmou que enviou ao Banese proposta não vinculante com as bases para a negociação de operação envolvendo aumento de capital do banco sergipano, sem alteração de controle acionário. “O anúncio dos termos e condições finais da operação ocorreu mediante a conclusão bem-sucedida das tratativas com os acionistas controladores”.
Já o Banese disse que, em continuidade às discussões estratégicas acerca da capitalização da companhia, se encontra em tratativas confidenciais de possível parceria estratégica com o BRB. “A proposta recebida é resultado da prospecção de investidores captados em processo competitivo conduzido pelo Governo do Estado de Sergipe, através do BB-BI, e o anúncio dos termos e condições finais da operação ocorrerá mediante a conclusão bem sucedida das tratativas com o acionista controlador, que, se concretizada, não altera o controle societário do Banese”.
Segundo o Valor apurou, o BRB ficaria com uma fatia bastante relevante no Banese, apesar de não ser controladora. Dada a diferença de tamanho entre as instituições, o aporte não deve pesar muito para o banco brasiliense, que poderia pagar por boa parte da operação com seu caixa. A operação será toda primária, ou seja, os recursos vão para o caixa do Banese, e nada para o acionista controlador. O governador de Sergipe, Belivaldo Chagas, está no fim do seu segundo mandato e não pode concorrer à reeleição, o que pode ter facilitado as negociações com o BRB. Além disso, como não se trata de uma privatização e não vai haver uma mudança de controle, é mais fácil defender o caso perante a população.
O banco sergipano diz que a operação tem o objetivo de fortalecer a posição da companhia no mercado, incluindo oportunidades de negócio relacionadas também às suas subsidiárias. “A companhia informa ainda que, como é característica de negociações desse tipo, não se pode assegurar que qualquer das tratativas em andamento resultará na consumação de transação de qualquer natureza, e que, no momento, não existe nenhum compromisso vinculante envolvendo o Banese, suas subsidiárias e qualquer terceiro”.
O BRB cresceu bastante nos últimos anos, especialmente após lançar um banco digital em parceria com o Flamengo. O banco vai divulgar seus resultados do segundo trimestre na próxima semana. No primeiro trimestre, teve lucro de R$ 109 milhões, com queda anual de 4,1%. Seus ativos totais somam R $38,4 bilhões e o banco tem 4,4 milhões de clientes. Já o Banese teve lucro de R $4,6 milhões no segundo trimestre, com queda anual de 61,7%. Seus ativos totais somam R $8,2 bilhões e o banco tem 824,2 mil clientes.
Desde a parceria com o Flamengo, o BRB já vinha apontando nos últimos trimestres seu desejo de expandir para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Assim, além da complementaiedade geográfica, haveria algumas sinergias com o Banese, tanto de economia de gastos como de utilização de canais de distribuição. No caso do banco digital com o Flamengo, o BRB já havia anunciado em junho que contratou o BTG para encontrar um parceiro estratégico para a operação. De acordo com uma fonte com conhecimento do assunto, um acordo pode ser anunciado ainda este ano e a unidade seria avaliada em alguns bilhões de reais – mesmo com o mau momento vivido pelas fintechs e bancos digitais mundo afora. O BRB também já havia dito que tem planos de um IPO para a subsidiária, o que deve ser adiado um pouco com a entrada desse parceiro.
Com informações de Valor Econômico.
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