A emocionante reação de ouvir com qualidade pela primeira vez
emociona internautas e mostra a importância do som para a conexão com outras
pessoas
Em
um vídeo que
viralizou nas redes sociais, a reação de Gigi, bebê com deficiência auditiva, ao ouvir a voz
dos pais pela primeira vez com o auxílio de um aparelho auditivo emocionou
milhares de pessoas ao redor do mundo. O compartilhamento foi feito pelo pai da
menina, Levi Lindsay.
Gigi
nasceu com surdez completa no ouvido esquerdo e com audição parcial no ouvido
direito e, mesmo não tendo perda absoluta, a falta da audição completa
prejudicava a interação com outras crianças e até mesmo com os pais.
A
fonoaudióloga Márcia Bonetti, da Audiba Aparelhos Auditivos, aponta que a
audição é essencial para o desenvolvimento da linguagem em crianças.
“O
não ouvir priva o nosso córtex auditivo de receber estímulo sonoro e
identificar sons. Assim, a reprodução dos pequenos é impactada”, aponta a especialista.
“A perda auditiva na infância pode ter várias causas, como a rubéola
gestacional, surdez congênita, entre outras enfermidades”, completa.
Pelas
redes sociais, o Levi Lindsay comenta que o futuro é incerto, mas que a
adaptação de Gigi com o aparelho auditivo foi bem positiva. A família mora nos
Estados Unidos. Sobre o assunto, Márcia destaca que o tratamento para a
deficiência auditiva em crianças tem início após exames e indicações médicas,
podendo ser cirúrgico, medicamentoso ou, como foi o caso da Gigi, com uso de prótese
auditiva.
“A
surdez acaba deixando os deficientes afastados do resto da sociedade. Seja em
uma conversa informal ou na fila do banco, a audição sempre está presente.
Quando essa perda acompanha o indivíduo desde o nascimento, a conexão com os
outros demora para ter a profundidade que existe quando a audição não é um
empecilho”, aponta a fonoaudióloga. “É natural que a família encare, no
primeiro momento, o diagnóstico como um luto, mas sempre há recursos para
desenvolver essa afinidade”.
Terapias
fonoaudiológicas e até a Língua Brasileira de Sinais (Libras) podem ser
adotadas, caso outras formas de tratamento não sejam indicadas.
O
som e a repetição
Márcia
destaca que, quando não tratada, a deficiência auditiva pode prejudicar
permanentemente a capacidade de fala, visto que a criança não recebe a
quantidade necessária de estímulos auditivos ou não é capaz de compreender determinadas
frequências de som.
“Sem
a audição ou com uma audição parcial, a criança não consegue ouvir sua própria
voz, o que vai impedi-la de entender o que fala e se adaptar com as pessoas ao
redor”, acrescenta a fonoaudióloga, apontando para a atenção em pequenos sinais.
“Como é uma parte muito importante para a aprendizagem da criança, identificar
desde cedo a deficiência é fundamental para o tratamento precoce”.
Até
os cinco meses, o bebê reage a sons altos, além da vocalização de risos,
choros, entre outros sons. A partir dos seis meses, é possível o reconhecimento
de vozes familiares e a tentativa de repetição dos sons.
“Caso
a criança não demonstre interação com sons, não atenda ao próprio nome e esteja
com atraso de fala, é recomendado que os pais façam uma visita a especialistas,
para que seja analisado o caso com maior cuidado”, finaliza a fonoaudióloga.