Opinão: Um lugar chamado "Fazer o Certo" e a pandemia

 André Chehadi*



Existe um lugar chamado “Fazer o Certo”. Nele mora um povo especial. Gente que tem empatia, integridade, ética e patriotismo. Povo que cuida da saúde, cuida do próximo, cuida de quem tem problemas e pendências. Fiel da balança entre trabalho e vida pessoal. Um lugar onde a sociedade se comporta, retroalimenta o sistema de integridade, encoraja os inseguros e dá sensatez para os incautos. Seu grande desafio é fazer o correto e sonhar com o abstrato, educar e, ao mesmo tempo, punir, plural e singular, exercer o ofício com sensibilidade e razão, abraçar sem colocar as mãos.

Completamos seis meses de pandemia e, neste período, vivemos uma nova realidade. São meses em que experimentamos esse “novo normal”, meses que vivemos algo real, algo intenso, algo vivo em nossas vidas. Com certeza, você já viveu experiências marcantes nesses seis meses.

Se alguém me perguntar o que tenho aprendido com essa pandemia na minha vida profissional, eu diria que aprendi a olhar e ouvir meus colegas e minha equipe de forma mais humanista. Quando estou em uma chamada e, do outro lado, escuto ou vejo uma criança falando com sua mãe, alguém trazendo uma xícara de café para seu marido ou esposa que está em call, um cachorro latindo, um gato andando no laptop na frente da câmera ou alguém limpando a casa, eu simplesmente sorrio. E eu faço isso porque me faz sentir mais perto deles. Me faz sentir que somos humanos, que somos maridos, esposas, filhos, netos, tutores de animais de estimação. Que temos algo em comum.

No escritório, estávamos centrados e focados em ser o estereótipo do profissional perfeito, evitando atender chamadas de casa, mostrando que nossa vida pessoal e profissional não se misturam. Trabalhar em casa desmontou todo esse estereótipo. Foi a melhor lição apreendida. 

Muito se tem falado também sobre corrupção na pandemia, fraudes, golpistas têm criado estratégias novas para fazer com que a população caia em golpes, principalmente na internet, onde o consumo foi acelerado pelo isolamento social. A capacidade de adaptação do brasileiro é proporcional à experiência adquirida. E nós temos dois séculos de experiência em crises. E aprendemos uma coisa importante: conforme a situação, ficamos tremendamente eufóricos ou profundamente deprimidos.

Apesar do sentimento de esgotamento do distanciamento social é necessário que todos continuem seguindo os cuidados recomendados: uso de máscara nos espaços públicos, manter a higiene, respeitar o distanciamento, usar álcool em gel, evitar festas, evitar contato físico. São nesses pequenos detalhes que fazemos a diferença. Não é porque estamos esgotados que significa que a pandemia acabou ou que os riscos e mortes acabaram. Bem-vindo a um lugar chamado "Fazer o Certo". Eu preciso, você precisa, nosso país precisa, todos precisamos.

 

* André Chehadi é Chief Compliance Officer (CCO) da Tecnobank.

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